2.1. O período pré-românico
Os linguistas têm hoje boas razões para sustentar que
um grande número de línguas da Europa e da Ásia
provêm de uma mesma língua de origem, designada pelo
termo indo-europeu. Com exceção do basco, todas
as línguas oficiais dos países da europa ocidental
pertencem a quatro ramos da família indo-européia: o
helênico (grego), o românico (português, italiano,
francês, castelhano, etc.), o germânico (inglês,
alemão) e o céltico (irlandês, gaélico). Um
quinto ramo, o eslavo, engloba diversas línguas atuais da
Europa Oriental.
Por volta do II milênio a.C., o grande movimento
migratório de leste para oeste dos povos que falavam
línguas da família indo-européia terminou. Eles
atingiram seu habitat quase definitivo, passando a ter
contato permanente com povos de origens diversas, que falavam
línguas não indo-européias. Um grupo importante,
os celtas, instalou-se na Europa Central, na região
correspondente às atuais Boêmia (República Tcheca)
e Baviera (Alemanha).
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Algumas línguas da Europa no II milênio a.C.
Povos de línguas indo-européias:
germanos, eslavos, celtas, úmbrios, latinos, oscos,
dórios.
Povos de origens diversas:
íberos, aquitanos, lígures, etruscos, sículos.
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Os celtas estavam situados de início no centro da Europa,
mas entre o II e o I milênios a.C. foram ocupando várias
outras regiões, até ocupar, no século III a.C.,
mais da metade do continente europeu. Os celtas são conhecidos,
segundo as zonas que ocuparam, por diferentes
denominações: celtíberos na Península
Ibérica, gauleses na França, bretões na
Grã-Bretanha, gálatas no centro da Turquia, etc.
O período de expansão celta veio entretanto a sofrer
uma reviravolta e, devido à pressão exterior,
principalmente romana, o espaço ocupado por este povo
encolheu. As línguas célticas, empurradas ao longo dos
séculos até as extremidades ocidentais da Europa,
subsistem ainda em regiões da Irlanda (o irlandês
é inclusive uma das línguas oficiais do país), da
Grã-Bretanha e da Bretanha francesa. Surpreendentemente,
nenhuma língua céltica subsistiu na Península
Ibérica, onde a implantação dos celtas ocorreu em
tempos muito remotos (I milênio a.C.) e cuja língua se
manteve na Galiza (região ao norte de Portugal, atualmente
parte da Espanha) até o século VII d.C.
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