3.3.b. Zonas dialectais brasileiras
A fala popular brasileira apresenta uma relativa unidade, maior
ainda do que a da portuguesa, o que surpreende em se tratando de um
pais tão vasto. A comparação das variedades
dialetais brasileiras com as portuguesas leva à
conclusão de que aquelas representam em conjunto um sincretismo
destas, já que quase todos os traços regionais ou do
português padrão europeu que não aparecem na
língua culta brasileira são encontrados em algum dialeto
do Brasil.
A insuficiência de informações rigorosamente
científicas e completas sobre as diferenças que separam
as variedades regionais existentes no Brasil não permite
classificá-las em bases semelhantes às que foram
adotadas na classificacão dos dialetos do português
europeu. Existe, em caráter provisório, uma proposta de
classificação de conjunto que se baseia - como no caso
do português europeu - em diferenças de pronúncia
(basicamente no grau de abertura na pronúncia das vogais, como
em pEgar, onde o "e" pode ser aberto ou fechado, e na
cadência da fala). Segundo essa proposta, é
possível distinguir dois grupos de dialetos brasileiros: o do
Norte e o do Sul. Pode-se distinguir no Norte duas variedades:
amazônica e nordestina. E, no Sul, quatro: baiana, fluminense,
mineira e sulina.
Esta proposta, embora tenha o mérito de ser a primeira
tentativa de classificação global dos dialetos
portugueses no Brasil, é claramente simplificadora. Alguns
dos casos mais evidentes de variações dialectais
não representadas nessa classificação seriam:
- a diferença de pronúncia entre o litoral
e o interior do Nordeste; o dialeto da região de Recife, em
Pernambuco (PE) é particularmente distinto;
- a forma de falar da cidade do Rio de Janeiro (RJ);
- o dialeto do interior do estado de São Paulo (SP); e
- as características próprias aos três estados
da região sul (PR, SC e RS), em particular o(s) dialeto(s)
utilizado(s) no estado do Rio Grande do Sul (RS)
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