3.1. O mundo lusófono
Na área vasta e descontínua em que é falado, o
português apresenta-se, como qualquer língua viva,
internamente diferenciado em variedades que divergem de maneira mais
ou menos acentuada quanto à pronúncia, a
gramática e ao vocabulário. Tal
diferenciação, entretanto, não compromete a
unidade do idioma: apesar da acidentada história da sua
expansão na Europa e, principalmente, fora dela, a
língua portuguesa conseguiu manter até hoje
apreciável coesão entre as suas variedades.
As formas características que uma língua assume
regionalmente denominam-se dialetos. Alguns linguistas,
porém, distinguem o falar do dialeto:
- Dialeto seria um sistema de sinais originados de uma
língua comum, viva ou desaparecida; normalmente, com uma
concreta delimitação geográfica, mas sem uma
forte diferenciação diante dos outros dialetos da mesma
origem. De modo secundário, poder-se-iam também chamar
dialetos as estruturas linguísticas, simultâneas de
outra, que não alcançam a categoria de
língua.
- Falar seria a peculiaridade expressiva própria de uma
região e que não apresenta o grau de coerência
alcançado pelo dialeto. Caracterizar-se-ia por ser um dialeto
empobrecido, que, tendo abandonado a língua escrita, convive
apenas com manifestações orais.
No entanto, à vista da dificuldade de caracterizar na
prática as duas modalidades, empregamos neste texto o termo
dialeto no sentido de variedade regional da língua,
não importando o seu maior ou menor distanciamento com
referência à língua padrão.
No estudo das formas que veio a assumir a língua portuguesa,
especialmente na África, na Ásia e na Oceania, é
necessário fazer a distinção entre os dialetos e os crioulas de
origem portuguesa. As variedades crioulas resultam do contato que
o sistema linguístico português estabeleceu, a partir do
século XV, com sistemas linguísticos indígenas. 0
grau de afastamento em relação à língua
mãe é hoje de tal ordem que, mais do que como dialetos,
os crioulos devem ser considerados como línguas derivadas do
português.
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